Sérgio Porto publicou, com o pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, nada menos que sete coletâneas de crônicas, recolhidas numa espécie de antologia pela Editora Olímpio, em 1989. Ele era um observador meticuloso e atento da realidade carioca, dotado de um raro senso de humor, ironia e extraordinário senso crítico, sabendo representar muito bem o drama e a comédia do cotidiano do Rio de Janeiro.
Ponte Preta marcou sua presença em nossa literatura pela “capacidade de comunicar-se com todos os leitores, desde os mais apressados e superficiais aos mais reflexivos e requintados”. Ele sabia detectar e satirizar com precisão as deformações existentes na vida urbana, absorta no constante no vício do consumismo. Criador de tipos humanos – o que é difícil e também raro na crônica, criou Tia Zulmira, “a sábia ermitã da Boca do Mato”, o Primo Altamirando, “cínico e gozador”, o distraído Rosamundo, o dr. Data Vênia, “manipulador feroz dos lugares-comuns”, entre outros.
Além de cronista, foi também novelista: seis de suas novelas estão reunidas no volume “As Cariocas”. “Garota de Ipanema” foi publicada em “A cidade e as ruas”, coletânea de vários autores.
Pode-se dizer que Ponte Preta é o cronista brasileiro por excelência, pelo fato de ter registrado as manifestações e atitudes que o Rio de Janeiro começava a importar das modernas sociedades de consumo. Daí suas crônicas serem atuais, pois conservam uma temática contemporânea e continuam sendo lidas com prazer e interesse. Por outro lado, sua prosa se renova a cada leitura, através de sua linguagem coloquial, “saindo do campo circunstancial para transcender aos limites de uma obra duradoura”.
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